A mansão dos Cavalcante estava lotada de gente importante. 200 pessoas da alta sociedade bebiam champanhe caro e celebravam a fusão da empresa com um grupo internacional. Políticos, empresários famosos e artistas enchiam cada canto da propriedade de 15 milhões. Renata Santos carregava uma bandeja pesada, tentando passar despercebida entre os convidados. Aos 29 anos, ela havia aprendido a se tornar invisível naquela casa. Trabalhando como fachineira dos Cavalcante, ela sabia que quanto menos chamasse atenção, melhor. Mas hoje, Verônica Cavalcante estava com o humor péssimo.

Renata! A voz da patroa cortou o ar como uma faca. Vem aqui agora. Todas as conversas pararam. 200 pares de olhos se voltaram para a mulher de uniforme simples. Verônica, aos 35 anos, era bonita de um jeito artificial, cheia de cirurgias e tratamentos caros. O vestido dela custava mais que o salário anual de Renata. “Sim, senhora”, Renata falou baixinho, se aproximando. “Olha só, pessoal.” Verônica anunciou para o grupo de socialites ao redor: “Nossa faxineira conseguiu derramar champanhe no sofá italiano.

R$ 15.000 de prejuízo. ” Renata olhou confusa. Não tinha mancha nenhuma no sofá. Mas antes que pudesse falar, Verônica já estava derramando o próprio champanhe estofado. Claro. Pronto, agora limpa com as mãos. Quero que todo mundo veja como se trata uma empregada irresponsável. O silêncio era pesado, ninguém se mexia. Renata sentiu as lágrimas queimando os olhos, mas se ajoelhou e começou a limpar o champanhe com as próprias mãos. 200 pessoas assistiam sua humilhação. Que triste riu uma das amigas de Verônica.

Por isso que essa gente não serve para mais nada. Foi aí que Renata levantou os olhos e encontrou o olhar de Henrique Cavalcante. O patrão estava parado a poucos metros, com o punho fechado e o maxilar tenso. Os olhos escuros dele encontraram os dela por um segundo que pareceu eterno. Henrique deu um passo à frente como se fosse fazer alguma coisa, mas Verônica foi mais rápida. Henrique Amor, vem conhecer o Senr. Matsumoto. Ele quer investir mais no nosso projeto.

Henrique hesitou, os olhos ainda fixos em Renata ajoelhada no chão. Por um momento, ela achou que ele finalmente ia ter coragem de dizer alguma coisa, mas ele baixou a cabeça e seguiu a esposa. “Tá vendo, Renata?” Verônica sussurrou no seu ouvido: “baixo o suficiente para só ela ouvir. Nem meu próprio marido liga para você. Você não é nada. E depois desta festa, você vai desaparecer para sempre”. A ameaça gelou o sangue de Renata. Tinha algo na voz de Verônica que era diferente desta vez, mais perigoso.

Ela terminou de limpar o sofá em silêncio, sob os olhares de nojo e pena dos convidados. Quando se levantou, Verônica já tinha se afastado, rindo alto com as amigas. Mas alguém havia assistido tudo com atenção especial. Lucas, o filho de 8 anos do casal, estava escondido atrás de uma coluna, segurando o celular novo. Ele tinha gravado cada segundo da humilhação que a mãe fez com a única pessoa na casa que era carinhosa com ele. E ontem à noite ele tinha ouvido uma conversa telefônica da mãe que o deixou muito assustado.

15 minutos depois, a festa tinha se espalhado pela área da piscina. Uma banda tocava música ao vivo e o champanhe não parava de rolar. Os convidados estavam animados, conversando alto e rindo. Lucas brincava na beirada da piscina com outras crianças. A piscina era funda, 4 m na parte mais profunda e tinha uma cascata artificial que fazia bolhas na água. Ele tinha prometido à mãe que ficaria longe da água, mas era difícil resistir. Henrique conversava com investidores japoneses sobre expandir a empresa.

Gesticulava explicando gráficos no tablet, mas de vez em quando seus olhos procuravam Renata entre os funcionários que serviam os convidados. Renata estava na cozinha lavando taças de cristal. Suas mãos ainda tremiam depois da humilhação. Cada taça valia mais que seu salário mensal e ela tomava cuidado para não quebrar nada. Foi quando ouvi o passo se aproximando. Renata. A voz de Henrique a fez se virar rapidamente. Ele estava na porta da cozinha com o terno um pouco amassado e o cabelo desalinhado.

“Senor Henrique, eu preciso terminar de lavar essas taças. ” Ela gaguejou, mas ele entrou e fechou a porta. A cozinha pareceu ficar menor. “Me desculpa”, ele disse. E a voz saía meio rouca. Me desculpa por não ter feito nada, por nunca fazer nada. Renata parou de lavar as taças. Era a primeira vez que ele falava diretamente com ela e as palavras bateram como um soco. Você não precisa pedir desculpa. Eu sei qual é o meu lugar aqui.

Não. Henrique se aproximou. Você não devia estar nessa situação. Não devia sofrer assim. Os olhos dela se encheram de lágrimas de novo. Por que tá falando isso comigo? Henrique hesitou como se estivesse juntando coragem para algo. Porque eu não consigo mais ficar calado vendo você sofrer desse jeito? O silêncio se esticou entre eles. Renata sentia o coração disparar. Nos últimos meses, ela tinha notado os olhares dele, como ele sempre aparecia quando Verônica estava sendo cruel demais. os pequenos presentes anônimos no seu quarto.

Um chocolate, uma flor. “Senhor Henrique, isso não tá certo”, ela sussurrou, mas não conseguiu se afastar quando ele chegou mais perto. “Eu sei que não tá certo. Nada na minha vida tá certo. Meu casamento é mentira. Minha esposa é você sabe como ela é”. E eu Ele parou bem na frente dela. Eu não consigo parar de pensar em você. As palavras ficaram no ar como uma confissão proibida. Renata sentiu as pernas bambas. Isso é loucura. Eu sou só uma fachineira.

Você é a pessoa mais corajosa que eu conheço. Cuida do meu filho melhor que a própria mãe. Você traz alegria para esta casa. Henrique levantou a mão e tocou o rosto dela. Eu precisava que você soubesse. Renata fechou os olhos por um segundo, se permitindo sentir o toque dele. E agora, o que a gente faz? Antes que Henrique pudesse responder, ouviram barulho na porta, se afastaram rapidamente. A porta se abriu e Lucas entrou correndo. Papai, mamãe tá te procurando.

Disse que você sumiu. Henrique olhou uma última vez para Renata. Eu vou dar um jeito. Ele sussurrou só para ela. De alguma forma. Ele saiu com Lucas, deixando Renata sozinha, com o coração disparado. Do lado de fora, Lucas sorriu para si mesmo. tinha gravado tudo no celular e sabia que essa gravação ia ser muito importante, especialmente depois da conversa que tinha ouvido ontem, sua mãe falando ao telefone: “Não se preocupa, depois da festa de hoje, ela vai ter um acidente e vai parecer acidente mesmo.” Lucas não entendia direito, mas sabia que a mãe estava planejando alguma coisa ruim com a tia Renata.

Eram quase 4 da tarde quando tudo mudou. Lucas estava brincando na beirada da piscina, tentando pegar uma bola que tinha caído na água. O tênis molhado escorregou no mármore e ele caiu de costas na parte mais funda. Por alguns segundos, ninguém se preocupou. Era normal as crianças caírem na piscina, mas Lucas não voltou à superfície. Lucas! Uma das outras crianças gritou. O Lucas não sabe nadar direito. Foi como se alguém tivesse pausado um filme. 200 pessoas importantes, empresários que moviam bilhões, políticos que comandavam o país, ficaram paralisadas vendo uma criança de 8 anos se afogar.

Henrique estava a 10 metros da piscina quando viu o filho sumir debaixo d’água. Largou o tablet que se quebrou no chão e correu. Mas quando chegou na beirada e viu Lucas se debatendo 4 met lá embaixo, algo estranho aconteceu. Ele travou. “Alguém faz alguma coisa?” Henrique gritou, mas os pés pareciam colados no chão. Por favor, alguém salva meu filho câmeras da TV continuavam gravando. 200 adultos ricos assistiam uma criança morrer e ninguém se mexia. Alguns gritavam pedindo ajuda, outros pegavam os celulares para filmar, mas ninguém pulava.

Verônica finalmente percebeu quando ouviu os gritos, correu até a piscina, viu o filho se afogando e começou a gritar: “Meu filho, meu bebê, alguém salva meu filho!” Mas ela também não pulou. Lucas estava debaixo d’água há 40 segundos quando as forças começaram a faltar. Tentava subir, mas era muito fundo para as perninhas dele. A água entrava nos pulmões e ele sentia tudo escurecer. Foi aí que viu alguém mergulhando na direção dele. Do outro lado do jardim, Renata estava recolhendo copos quando ouviu os gritos.

Correu através da multidão de gente rica e paralisada. Viu Lucas se afogando e não pensou duas vezes. Enquanto 200 pessoas importantes assistiam sem fazer nada, ela arrancou o avental e mergulhou totalmente vestida na piscina gelada. A água estava mais fria que ela esperava. Renata não era nadadora experiente, mas o desespero deu força sobre humana. Nadou até onde Lucas estava afundando e pegou ele nos braços, lutando para levar até a superfície. O menino estava quase desmaiado, mas ainda se agarrou nela.

Quando subiram, ambos estavam ofegantes. Lucas torcia a água, mas estava respirando. “Segura em mim, Lucas”, ela sussurrou no ouvido dele. “Não me solta”. A multidão na beirada finalmente reagiu. Henrique tinha saído do choque e estava a borda, estendendo os braços. “Passa ele para mim”, Henrique gritou. Renata empurrou Lucas em direção ao pai. Mas no momento que soltou o menino, suas forças acabaram. Tinha usado tudo para salvá-lo e agora não conseguia mais nadar. Foi quando bateu a cabeça na lateral de mármore da piscina.

O barulho foi terrível. Uma mancha de sangue se espalhou na água e Renata afundou. Renata? Henrique tinha acabado de puxar Lucas para fora quando viu ela sumir de novo. O menino estava nos braços dele, torcindo, mas vivo, quando percebeu que quem salvou estava se afogando. Desta vez, Henrique não hesitou, passou Lucas para alguém e mergulhou de volta. A água estava vermelha de sangue e ele teve que mergulhar fundo para encontrar Renata no fundo. Quando trouxe ela à superfície, não estava respirando.

“Chama uma ambulância”, ele gritou, carregando ela para fora da piscina. Agora Renata estava pálida e parada nos braços dele. Henrique deitou ela no chão e começou respiração boca a boca, desesperado. “Vamos, Renata”, sussurrava entre as respirações. “Não me deixa não. Agora a multidão assistia em silêncio. As câmeras gravavam cada segundo. O Brasil inteiro estava vendo um dos homens mais ricos do país, beijar desesperadamente sua faxineira, tentando salvar a vida dela. Depois do que pareceu eternidade, Renata tociu e cuspiu água.

Abriu os olhos devagar, confusa. A primeira coisa que viu foi o rosto de Henrique sobre ela, com lágrimas escorrendo. “Você tá bem?”, Ele sussurrou, passando a mão no rosto dela. Você salvou meu filho. Renata tentou sentar, mas a dor de cabeça era forte. Olhou ao redor e viu 200 pessoas olhando como se ela fosse um milagre. Algumas choravam, outras filmavam. O Lucas, ela falou com a voz rouca. Ele tá bem? Tá bem, graças a você. Você quase morreu salvando meu filho.

Foi aí que Renata percebeu a situação, encharcada, sangrando, sendo consolada pelo patrão na frente de toda a elite brasileira. Verônica estava a poucos metros com cara de ódio puro. As sirenes da ambulância se aproximavam, mas o estrago já estava feito. As imagens estavam sendo transmitidas ao vivo pro país inteiro. Em minutos, a internet explodiu. O Brasil inteiro falava da faxineira heroína e da elite covarde. O hospital São Luís nunca tinha recebido tanta atenção. Em 2 horas, dezenas de vans de TV cercavam a entrada.

Jornalistas gritavam perguntas e centenas de pessoas se aglomeravam na calçada com cartazes de apoio à faxineira heroína. No quarto 302, Renata estava inconsciente ligada a aparelhos. O trauma na cabeça tinha causado um inchaço no cérebro e os médicos disseram que ela precisava ficar em observação por 72 horas. Henrique não saiu do lado da cama nem por um minuto. “Senhor cavalcante”, disse o Dr. Martinez entrando com exames. “Os resultados são melhores que esperávamos. O inchaço tá diminuindo e não tem sinais de danos permanentes.

Ela deve acordar nas próximas horas.” Henrique suspirou aliviado, segurando a mão fria de Renata. “E o Lucas? Seu filho tá perfeito. Não engoliu muita água, teve muita sorte. Não foi sorte, Henrique falou, olhando para Renata. Foi ela. Do lado de fora, Lucas estava sentado no corredor, ainda com a roupa molhada, segurando o celular. Tinha se recusado a falar com qualquer pessoa que não fosse tia Renata. Verônica chegou como um furacão. Tinha passado duas horas tentando controlar os estragos da exposição pública, mas estava perdendo a batalha.

As redes sociais ferviam com críticas à família. “Onde tá meu marido?”, perguntou pra enfermeira. “Quarto 302, mas só família pode?” Verônica não esperou a resposta terminar. subiu as escadas de salto alto, deixando um rastro de perfume caro e raiva. Quando abriu a porta e viu Henrique segurando a mão de Renata, algo dentro dela se quebrou. “Que cena linda”, falou com sarcasmo. O príncipe cuidando da princesa. Henrique se virou devagar. Os olhos estavam vermelhos de cansaço, mas tinha algo diferente neles.

Uma determinação que Verônica nunca tinha visto. Ela salvou nosso filho, Verônica. Salvou enquanto a gente ficou parado assistindo. Ah, que heroína! E agora o Brasil inteiro tá chamando a gente de covarde por causa dessa cuidado. Henrique interrompeu se levantando. Muito cuidado com o que você vai falar. Toiou o quê? Você vai me deixar por uma fachineira? Essa mulher corajosa fez o que eu devia ter feito. Teve mais coragem em dois minutos do que eu tive em 15 anos de casamento.

Verônica percebeu que tinha perdido o controle. O marido nunca tinha falado assim com ela, nunca tinha se rebelado. Se você acha que essa história vai ter final feliz, tá muito enganado. Eu vou acabar com ela. Não vai não. A voz veio da porta. Lucas estava parado ali segurando o celular com uma expressão séria demais para uma criança de 8 anos. O que você disse, meu amor? Verônica tentou sorrir. Eu falei que você não vai machucar a tia Renata.

Por que você tá falando assim? A mamãe não faria mal para ninguém. Lucas olhou direto nos olhos da mãe. Você falou ontem no telefone. Eu ouvi. Você disse que ela ia ter um acidente depois da festa. O sangue sumiu do rosto de Verônica. Você Você Você ouviu errado, meu bem. Não ouvi não. E eu gravei. Lucas mostrou o celular. Gravei você falando e gravei outras coisas também. O mundo de Verônica desabou ali mesmo no corredor do hospital.

O filho tinha gravado suas conversas, tinha evidências. “Deixa eu ver esse telefone.” Ela estendeu a mão desesperada. “Não. ” Lucas correu para trás do pai. “Papai, a mamãe queria machucar a tia Renata. Ela falou que ia parecer acidente.” Henrique olhou pra esposa com horror. “Você Você Você estava planejando machucar a Renata?” “Claro que não. É mentira de criança.” Mas Lucas já estava mexendo no celular. quer ouvir? Eu tenho tudo gravado. Verônica sabia que estava perdida. Em pânico, tentou pegar o celular do filho, mas Henrique a impediu.

Não encosta nele, Henrique. Por favor, você tem que me ouvir. Eu já ouvi demais. Henrique pegou Lucas no colo. A gente vai conversar com os advogados amanhã mesmo. Verônica ficou sozinha no corredor, vendo o marido e o filho se afastarem. Tudo que ela havia construído, todo o controle que tinha, estava desmoronando. E o pior, ainda nem sabia o que mais Lucas tinha gravado. Na manhã seguinte, o Brasil acordou falando sobre a mesma coisa. O vídeo da fachineira salvando o menino, enquanto 200 ricos assistiam parados, estava em todos os jornais, sites e redes sociais.

Vergonha nacional! Gritavam as manchetes. A coragem tem nome: Renata Santos. Elite covarde assiste criança morrer. O hospital estava sitiado. Multidões se aglomeravam na porta, gritando o nome de Renata. Cartazes com heroína do povo e Renata, nossa presidente, tomavam as ruas. Dentro do quarto, Renata finalmente acordou, abriu os olhos devagar e viu Henrique dormindo na cadeira ao lado, segurando a mão dela. Lucas estava encolhido no sofá, ainda agarrado ao celular. “Oi”, ela sussurrou. Henrique acordou na hora. “Renata, graças a Deus você acordou.

Como eu vim parar aqui? Você bateu a cabeça depois de salvar o Lucas. Quase, quase morreu. A voz dele falhou. As memórias voltaram aos poucos. A festa, a piscina. Lucas se afogando. Ele tá bem? Tô sim, tia Renata. Lucas pulou do sofá e correu para abraçar ela. Você me salvou. Renata abraçou o menino sentindo uma dor forte na cabeça. Claro que salvei. Você é meu menino especial. Foi aí que a porta se abriu com força. Verônica entrou como um tornado com advogados atrás dela.

Pronto, agora chega de teatro. Verônica se plantou no pé da cama. Você salvou a criança. Muito bem. Agora vamos resolver isso como adultos. Henrique se levantou. Verônica, sai daqui. Não vou sair não. Essa essa mulher virou a nossa vida de cabeça para baixo. Agora o Brasil inteiro tá falando mal da gente por causa dela. Por nossa causa, Henrique corrigiu. Porque a gente não fez nada. E agora você quer se separar de mim, destruir nossa família por causa de uma empregada?

O silêncio foi cortado pela voz firme de Lucas. Mamãe, conta pra tia Renata o que você falou no telefone ontem. Verônica gelou. Lucas, filho, você não entendeu direito. Entendi sim. Você disse que ela ia ter um acidente, que ia parecer acidente de verdade. Você queria machucar a tia Renata. Renata olhou chocada de Lucas para Verônica. Isso é verdade? Claro que não. É invenção de criança, não é? Não. Lucas mexeu no celular e apertou play. A voz de Verônica saiu clara do aparelho.

Não se preocupa. Depois da festa de hoje, ela vai ter um acidente e vai parecer acidente mesmo. Essa vagabunda não vai mais incomodar a minha família. O quarto ficou em silêncio absoluto. Os próprios advogados de Verônica se entreolharam chocados. Henrique olhou paraa esposa como se estivesse vendo um monstro. Meu Deus, Verônica, você ia matar ela. Não, não era isso que eu quis dizer. Tem mais. Lucas falou, mexendo no celular de novo. Tem ela falando de outras coisas também.

Verônica tentou pegar o celular, mas Henrique a impediu. Desesperada, ela se virou paraa Renata. Olha, eu ofereço R$ 500.000 para você sumir da nossa vida. Pega o dinheiro e vai embora. Esquece que isso tudo aconteceu. Renata a encarou por um longo momento, depois sorriu fraco. Sabe o que é engraçado, Verônica? Ontem eu era só uma faxineira que você podia humilhar na frente de todo mundo. Hoje o Brasil inteiro sabe quem eu sou e quem você é. Você não sabe com quem tá mexendo, Verônica Sibilou.

Eu sei exatamente. Renata tentou se sentar na cama. E você também sabe. Por isso tá com tanto medo. A porta se abriu de novo e vários repórteres entraram empurrando a segurança. Renata, como se sente sendo chamada de heroína nacional? Vai processar a família que a humilhou? É verdade que recebeu proposta de filme sobre sua história? Verônica percebeu que tinha perdido completamente o controle da situação. A fachineira que ela pisoteava ontem estava sendo tratada como rainha pelo Brasil inteiro.

E ela, a patroa rica e poderosa, estava sendo odiada como vilã nacional. saiu do quarto correndo, deixando para trás os advogados e uma família que não era mais sua. Lucas se aconchegou no braço de Renata e sussurrou: “Tia Renata, agora você vai ser minha mãe de verdade?” Renata olhou para Henrique, que sorriu pela primeira vez em dias. Se ela quiser, ele respondeu, se ela quiser, a gente vai ser uma família de verdade. Do lado de fora, Verônica ouvia os aplausos da multidão gritando o nome de Renata.

Sua vida perfeita tinha virado cinzas em 24 horas e o pior estava por vir. Três dias depois, Renata finalmente recebeu alta do hospital. Do lado de fora, centenas de pessoas gritavam seu nome, segurando cartazes e flores. O Brasil inteiro estava apaixonado pela fachineira heroína. “Não acredito que isso tudo é por minha causa”, ela falou para Henrique no carro. “Você mostrou coragem quando ninguém mais teve. É claro que o povo tá emocionado. Lucas estava grudado na mão dela.

Tia Renata, agora você vai morar com a gente? Henrique e Renata trocaram olhares. Nos últimos três dias, eles tinham conversado muito sobre sentimentos e sobre o futuro. Ainda não sabemos, amor. A situação tá complicada. Por causa da mamãe, por causa de muita coisa. Quando chegaram na mansão, encontraram Verônica fazendo as malas no quarto principal. Roupas caras espalhadas por toda a cama, joias sendo guardadas em caixas. “Que bom que chegaram”, ela disse sem levantar os olhos. “Preciso conversar com vocês.

Não temos nada para conversar.” Henrique respondeu. Claro que temos. Verônica olhou para Renata com raiva, principalmente sobre essa mulher estar dentro da minha casa. Não é mais sua casa. Meus advogados já pediram o divórcio. Verônica parou de arrumar as coisas. Henrique, você não pode estar falando sério por causa de uma faxineira? Por causa da mulher que amo”, ele respondeu, puxando Renata para perto de si. O queixo de Verônica caiu. Em 15 anos de casamento, Henrique nunca tinha falado que amava outra pessoa na frente dela.

Você ama ela? Amo e vou me casar com ela assim que nosso divórcio sair. Renata sentiu o coração disparar. Era a primeira vez que Henrique falava em casamento. Isso é ridículo. Vocês se conhecem há três dias direito. A gente se conhece há 3 anos. Renata disse calmamente. E eu também amo ele. Verônica ficou vermelha de raiva. Você Você seduziu meu marido, destruiu minha família. Sua família já estava destruída há muito tempo. Lucas falou da porta. Você só fingia que éramos felizes.

Lucas, meu amor, você não entende? Entendo sim, mamãe. Você é má? Sempre foi má com a tia Renata e ela nunca fez nada de errado. Verônica sentiu o chão sumir debaixo dos pés. O próprio filho estava contra ela. “Tudo bem”, ela disse, voltando a fazer as malas com raiva. “Vocês vão se arrepender, todos vocês.” “Aonde você vai?”, Henrique perguntou pro hotel e depois vou lutar pelo que é meu, por metade de tudo que você tem e pela guarda do meu filho.

Lucas correu pros braços de Renata. Eu não quero morar com ela. Quero ficar aqui. Não é você quem decide. Verônica Sibilou. Sou sua mãe. Mãe de verdade é quem cuida, quem ama, quem protege. Renata disse abraçando Lucas. Mãe, não é só quem dá a luz. Verônica pegou as malas e se dirigiu paraa porta. Antes de sair, se virou uma última vez. Aproveitam bem esses momentos felizes, porque eu garanto que não vão durar. Depois que ela saiu, a casa ficou em silêncio.

Lucas quebrou o silêncio. Pai, você falou sério sobre casar com a tia Renata? Henrique se ajoelhou na frente do filho. Falei. O que você acha? Acho ótimo. Aí ela vai ser minha mãe de verdade. Renata sentiu os olhos marejarem. Lucas, eu já te amo como se você fosse meu filho e eu te amo como se você fosse minha mãe. Henrique abraçou os dois. Pela primeira vez em anos ele sentia que tinha uma família de verdade. Mas lá fora, no carro, Verônica ligava pro celular.

Ricardo, sou eu. Mudança de planos. Vamos ter que acelerar as coisas. No dia seguinte, Lucas estava brincando no jardim quando viu a mãe chegando de carro. Ela tinha voltado, mas não parecia mais elegante como sempre. Estava desarrumada com os olhos vermelhos. “Lucas, meu amor, vem aqui.” Ela chamou. O menino hesitou, mas se aproximou. Escuta, filho. A mamãe fez algumas coisas erradas, mas fez tudo por amor à família. E que coisas erradas. Verônica respirou fundo. Lembra das conversas que você gravou no seu celular?

Lucas ficou alerta. Lembro. Preciso que você delete tudo. São conversas particulares que podem machucar a mamãe. Mas você falou que ia machucar a tia Renata. Eu não ia machucar ninguém de verdade. Era só raiva, só palavras. Lucas olhou nos olhos da mãe. Você tá mentindo de novo. Como assim? Você sempre mente, igual quando falou que me amava, mas nunca brincava comigo. Igual quando falou que o papai era feliz, mas ele sempre estava triste. Verônica sentiu uma punhalada no peito.

O filho de 8 anos via através de todas as suas mentiras. Lucas, se você não deletar essas gravações, a mamãe pode ir pra cadeia e se você for pra cadeia, você para de ser má. A pergunta inocente deixou Verônica sem resposta. Não sei, Lucas, não sei. Foi quando Henrique apareceu na porta de casa. Verônica, o que você tá fazendo aqui? Conversando com meu filho. Você não pode estar aqui. Tem uma medida protetiva. Medida protetiva é para proteger a Renata, não o Lucas.

Henrique se aproximou. Lucas, vai para dentro. Não, pai. Eu quero falar uma coisa. Lucas tirou o celular do bolso e mexeu na tela. Mamãe, eu gravei mais coisas além daquelas que você falou da tia Renata. Verônica gelou. Que outras coisas? Você falando com o tio Ricardo sobre os dois fugirem juntos e sobre você nunca ter amado o papai. O sangue sumiu do rosto de Verônica. Lucas, você não entendeu direito. Entendi, sim. Quero ouvir. Lucas apertou play. A voz de Verônica saiu clara do aparelho.

Ai, Ricardo, mal posso esperar pra gente estar longe daqui. 15 anos fingindo que amo esse homem tá me matando. Pelo menos quando estivermos nos Estados Unidos, não vou mais precisar fingir. Henrique fechou os olhos. 15 anos de casamento resumidos numa frase cruel. Henrique, eu posso explicar. Não precisa explicar nada. Ele abriu os olhos e eles estavam cheios de uma tristeza profunda. Agora eu entendo porque você sempre foi tão fria, tão distante. Tem mais? Lucas disse mexendo no celular de novo.

Lucas, para. Verônica tentou pegar o aparelho, mas Henrique a impediu. Deixa ele falar. Uma nova gravação começou. Ricardo, depois que a gente se livrar da faxineira, vai ser fácil controlar o Henrique de novo. Ele vai voltar a ser o bobalhão apaixonado que sempre foi. Henrique olhou paraa ex-esposa como se estivesse vendo um monstro. Você realmente me despreza tanto assim, Henrique? Essas gravações foram tiradas de contexto. Não foram não. Lucas interrompeu. Eu ouvi tudo. A mamãe nunca amou você, pai.

Ela só gosta do seu dinheiro. Verônica viu que tinha perdido tudo. O marido a olhava com nojo, o filho a via como mentirosa e ainda tinha evidências gravadas de tudo. Tudo bem, ela disse se levantando. Vocês ganharam esta batalha. Mas a guerra tá longe de acabar. Verônica, para com essas ameaças, Henrique pediu. Aceita que acabou. Nunca. Ela olhou direto nos olhos dele. Eu vou destruir vocês, principalmente ela. Mamãe Lucas disse com a voz triste. Por que você não consegue ser boa?

Verônica olhou pro filho por um longo momento. Porque o mundo não é lugar para pessoas boas, meu filho. E um dia você vai entender isso. Ela entrou no carro e saiu em disparada, deixando uma nuvem de poeira atrás. Pai, Lucas perguntou. A mamãe vai fazer mal pra tia Renata? Henrique puxou o filho pro colo. Não vou deixar nunca mais. Mas dentro de casa, Renata tinha ouvido tudo pela janela e pela primeira vez desde o acidente, ela sentiu medo de verdade.

Uma semana depois, Renata estava no supermercado fazendo compras quando sentiu alguém a observando. Olhou ao redor e viu Verônica parada no final do corredor, usando óculos escuros e um lenço na cabeça. Renata pensou em sair pela outra direção, mas Verônica já estava se aproximando. “Precisamos conversar”, Verônica disse baixinho. “Não temos nada para conversar e você não pode se aproximar de mim. É sobre o Lucas e sobre coisas que você não sabe.” Renata hesitou. “Que coisas! Vem comigo até o estacionamento.

Só 5 minutos.” Contra seu bom senso, Renata seguiu Verônica até o estacionamento. Elas pararam entre dois carros, longe de olhares curiosos. Escuta bem, Verônica começou tirando os óculos. Você pode ter conquistado meu marido e meu filho, mas não vai ficar com a minha vida. Eu não conquistei ninguém. As pessoas me escolheram porque você as tratava mal. Que ingênua. Verônica riu sem humor. Você acha que conhece o Henrique? Acha que sabe que tipo de homem ele é? Sei que ele é boa pessoa, diferente de você.

Ele teve três casos extraconjugais antes de você. Três. Todas funcionárias da empresa. Renata sentiu o estômago gelar. Tá mentindo. Estou. Pergunta para ele sobre a Sandra da contabilidade ou sobre a Patrícia da limpeza ou sobre a Júlia da recepção. Mesmo que isso seja verdade, não muda nada. Ele me ama. Ele amava elas também no começo. Verônica se aproximou mais. Sabe qual é o padrão? Todas eram funcionárias humildes. Todas se apaixonaram pelo patrão rico e todas foram demitidas quando ele se cansou.

Renata tentava não mostrar que as palavras estavam doendo. Por que tá me contando isso? Porque eu ofereço uma última chance. Aceita 2 milhões e desaparece da nossa vida. Vai viver bem longe daqui e esquece que essa família existe. E se eu não aceitar? Verônica sorriu de um jeito que gelou o sangue de Renata. Aí você vai descobrir que não sou a única pessoa que você destruiu. Como assim? As outras mulheres que o Henrique demitiu, algumas delas perderam tudo.

Uma até tentou suicídio e todas elas me culpam por não ter impedido. Renata estava confusa. O que isso tem a ver comigo? Eu disse para elas que você foi quem pediu para elas serem demitidas, que você tinha ciúmes e exigiu que sumissem. Isso é mentira. É, mas elas acreditam e estão muito, muito bravas com você. Renata sentiu medo crescendo no peito. Você inventou mentiras sobre mim? Inventei. E sabe o que é o melhor? Uma delas sabe onde você mora agora.

E ela não é uma pessoa estável. Você tá me ameaçando? Estou te avisando. Aceita o dinheiro e vai embora, ou as consequências vão ser terríveis. Renata olhou nos olhos de Verônica e viu uma frieza que a assustou. Você é realmente má. Sou realista e determinada. Duas coisas que você ainda não aprendeu a ser. Verônica voltou a colocar os óculos. Você tem 48 horas para decidir. Depois disso, não posso mais te proteger. Ela se afastou, deixando Renata sozinha no estacionamento, com o coração disparado e um milhão de dúvidas na cabeça.

Quando chegou em casa, Henrique percebeu que ela estava estranha. Aconteceu alguma coisa? Renata olhou para ele pensando nas palavras de Verônica. Henrique, posso te fazer uma pergunta? Claro. Você já teve outros relacionamentos com funcionárias da empresa? A cara de Henrique mudou completamente. Por que você tá perguntando isso? Só responde, por favor. Henrique suspirou fundo. Tive, antes de você dois relacionamentos. O coração de Renata afundou. E o que aconteceu com elas? Acabou. Relacionamentos acabam, Renata. Elas foram demitidas.

Foram, mas não por causa dos relacionamentos. Uma roubou dinheiro da empresa, a outra faltava demais ao trabalho. Renata queria acreditar, mas as palavras de Verônica ecoavam na cabeça. E você? Você disse que amava elas? Henrique se aproximou e segurou os ombros dela. Renata, o que tá acontecendo? Por que essas perguntas? Só responde. Você disse que amava elas? Achei que amava, mas era diferente. Com você é diferente. Como eu sei que é diferente? Porque você salvou meu filho.

Porque você me fez querer ser um homem melhor. Porque ele tocou o rosto dela. Porque com você eu sinto que tô vivo de verdade. Renata olhou nos olhos dele e viu sinceridade, mas também viu medo. Henrique, a Verônica me ameaçou hoje. Disse que inventou mentiras sobre mim para outras pessoas. Que tipo de mentiras que eu pedi para você demitir suas ex-namoradas por ciúme? Henrique empalideceu. Meu Deus, Sandra. Quem é Sandra? Uma das mulheres com quem eu me relacionei.

Ela não reagiu bem quando terminamos. E se a Verônica mentiu para ela, o que pode acontecer? Henrique pegou o celular rapidamente. Ela é instável. Já tentou se machucar. antes. Para quem você tá ligando? Paraa segurança. A gente precisa de proteção agora. Enquanto Henrique falava ao telefone, Renata olhou pela janela e viu um carro estranho parado do outro lado da rua. Um carro com uma mulher dentro, olhando diretamente para casa. Na manhã seguinte, Renata acordou com o barulho de vidro quebrando, correu até a janela e viu que alguém tinha jogado uma pedra no vidro do carro de Henrique.

Colado na pedra, havia um bilhete. O que foi? Henrique apareceu atrás dela ainda de pijama. Alguém quebrou o vidro do seu carro. Eles desceram juntos. Henrique pegou o bilhete e leu em voz alta. Você destruiu minha vida. Agora vou destruir a sua, Sandra. É, meu Deus! Renata sussurrou. Ela realmente acredita nas mentiras da Verônica. Onde tá o Lucas? Henrique perguntou preocupado. Ainda dormindo. Vamos entrar agora. Dentro de casa. Henrique ligou pra empresa de segurança. Preciso de dois seguranças aqui em casa hoje mesmo.

Enquanto ele falava, o telefone fixo tocou. Renata atendeu. Alô. Renata era uma voz de mulher que ela não conhecia. É você que destruiu minha vida? Quem tá falando? Sandra Oliveira. Você lembra de mim? Eu não te conheço. Claro que não. Você nunca se deu ao trabalho de conhecer as pessoas que destruiu. Renata fez sinal para Henrique, que correu para perto do telefone. Sandra, eu nunca destruí a vida de ninguém. Acho que te contaram mentiras sobre mim. Mentiras?

Então, não foi você que disse pro Henrique me demitir porque tinha ciúmes? Não, eu nem conhecia o Henrique direito naquela época. Tá mentindo. A Ver. Como você exigiu que ele se livrasse de mim? Henrique pegou o telefone. Sandra, é o Henrique. A Verônica mentiu para você. Henrique? A voz dela mudou, ficou mais macia. Você Você Você ainda pensa em mim às vezes, Sandra? Você precisa parar com isso. A Renata não tem nada a ver com o que aconteceu entre a gente.

Ela tem tudo a ver. Ela é igual a mim, só que você escolheu ela. Não é assim. Escuta. Não, eu escutei mentiras demais. Sandra gritou. Se eu não posso ser feliz, ela também não pode. A ligação cortou. Henrique olhou para Renata com preocupação. Ela tá realmente acreditando nas mentiras da Verônica. Renata disse: “E tá perigosa. Sandra sempre foi instável, mas agora”. O telefone tocou de novo. Desta vez era outro número. Alô? Henrique atendeu. Henrique, aqui é a Patrícia.

Lembra de mim? Henrique fechou os olhos. Patrícia, o que você quer? Quero justiça. A Ver como sua nova namoradinha conspirou contra mim. Isso não é verdade, Patrícia. A Ver tá inventando mentira. Você sempre foi fraco demais para admitir suas maldades. A ligação cortou de novo. Em 5 minutos, mais duas mulheres ligaram com histórias parecidas, todas acreditando que Renata tinha conspirado contra elas. “Quantas foram?”, Renata perguntou sentada no sofá, com as mãos tremendo. Pelo menos quatro, que eu sei.

Todas acreditam que você pediu para eu demiti-las. E agora, antes que Henrique pudesse responder, Lucas desceu correndo às escadas. Pai, pai, tem uma mulher estranha no jardim. Eles correram pra janela. Uma mulher de uns 35 anos estava parada no portão, olhando para casa com raiva. Era Sandra. Ela tá a quanto tempo aí? Henrique perguntou. Não sei. Acordei e já vi ela. Henrique pegou o telefone para chamar a polícia, mas Sandra começou a gritar do portão. Renata, sai daí.

Vamos conversar como mulheres. Não vou sair, Renata gritou de volta. Então eu entro. Esse portão não vai me parar. Sandra começou a balançar o portão com força. Era um portão eletrônico, mas ela estava determinada. “Lucas, vai pro andar de cima.” Henrique mandou agora. Não quero deixar a tia Renata. Vai, amor. Renata disse. Vai ficar tudo bem. Lucas subiu relutante. Do lado de fora, Sandra continuava gritando: “Eu sei que vocês estão aí. A Ver. Sandra. Henrique gritou da janela.

Vai embora. A polícia já tá vindo. Não vou embora. Não sem falar com ela. Foi quando Sandra pegou uma pedra grande e jogou na janela da sala. O vidro se estilhaçou e ela conseguiu passar a mão por dentro para abrir a janela. “Henrique, ela tá entrando.” Renata gritou. “Corre! Vai pro andar de cima com o Lucas!” Renata subiu correndo, mas Sandra já estava dentro da casa. Renata, onde você tá? Vamos acabar com isso de uma vez. Henrique tentou parar Sandra na escada, mas ela o empurrou com uma força surpreendente.

Sai da frente, Henrique. Isso é entre mim e ela. No quarto de Lucas, Renata trancou a porta e abraçou o menino. Tia Renata, eu tô com medo. Eu também, amor, mas a gente vai ficar bem. Sandra bateu na porta com força. “Abre essa porta! Abre agora, Sandra, para!”, Henrique gritou atrás dela. “A Renata não fez nada de errado. Mentira! Ela destruiu minha vida!” As batidas na porta ficaram mais fortes. A porta começou a rachar. Foi quando ouviram as sirenes da polícia se aproximando.

“A polícia tá chegando!”, Henrique gritou. Vai embora antes que seja tarde. Sandra parou de bater na porta. Por um momento, houve silêncio total. Então, ela começou a chorar. “Eu só queria ser amada”, ela soluçou. “Só queria que alguém me amasse de verdade.” Renata sentiu o coração apertado. Mesmo com medo, ela sentia a pena daquela mulher. “Sandra”, ela disse através da porta. Você vai encontrar alguém que te ame, mas não é assim. Como você sabe? Você tem tudo.

Tem o homem que eu queria. Tem uma vida que eu sonhava. Eu era faxineira até duas semanas atrás. Você acha que minha vida sempre foi fácil? Sandra ficou quieta por um momento. A Ver disse: “A Verônica mentiu. Ela mentiu para você, para mim, pro próprio marido. Ela mente para todo mundo.” A polícia entrou na casa. Em poucos minutos, Sandra foi levada embora, ainda chorando. Quando tudo terminou, Lucas abraçou Renata com força. “Tia Renata, agora acabou?” Renata olhou para Henrique, que balançou a cabeça.

Ainda não, amor. Ainda não. Naquela noite, depois que Lucas dormiu, Henrique e Renata se sentaram na varanda para conversar. Não pode continuar assim, Henrique disse. A Ver tá transformando pessoas inocentes em armas contra você. Quantas mais podem aparecer? Não sei, mas sei que ela não vai parar. Renata suspirou fundo. Henrique, talvez seja melhor eu ir embora mesmo. O quê? Ele se virou para ela, chocado. Você não pode estar falando sério. Olha o que tá acontecendo. Uma mulher invadiu nossa casa hoje.

Poderia ter machucado o Lucas. Renata, você não pode deixar a Verônica ganhar. Não é questão de ganhar ou perder. É questão de proteger quem a gente ama. Henrique segurou a mão dela. Eu te amo e não vou deixar você ir embora. E eu amo você. Por isso mesmo que não posso colocar você e o Lucas em perigo. Então a gente para ela de uma vez por todas. Como? Henrique ficou pensativo por um momento. Casando oficialmente na frente do Brasil inteiro.

Como assim? A Ver tá apostando que nosso relacionamento não é sério, que você vai fugir quando as coisas ficarem difíceis. Se a gente se casar publicamente, mostra que estamos juntos para valer. Renata sentiu o coração acelerar. Henrique, você tá me pedindo em casamento? Estou. Sei que é loucura. Sei que nos conhecemos há pouco tempo direito, mas ele se ajoelhou na frente dela. Renata Santos, quer casar comigo? As lágrimas escorreram pelo rosto dela. Henrique, não precisa responder agora, só pensa.

A gente pode fazer uma cerimônia grande transmitida na TV, mostrar pro Brasil inteiro que nosso amor é real. E a Verônica vai ter que aceitar que perdeu, que não conseguiu nos separar. Renata olhou nos olhos dele. E se ela tentar algo pior? Aí a gente enfrenta juntos como família. Antes que Renata pudesse responder, o telefone tocou. Henrique atendeu. Alô. O quê? Tem certeza? Tá bom, a gente já vai. Ele desligou com cara preocupada. O que foi? Renata perguntou.

Era o delegado. A Verônica fugiu da cidade. Ninguém sabe onde ela tá. fugiu e tem mais. Ela sacou todo o dinheiro que tinha na conta, R$ 500.000 em espécie. Renata sentiu um frio na barriga. Henrique, pessoa que foge com dinheiro vivo, não tá planejando se esconder, tá planejando algo. É o que eu tô pensando. O que a gente faz? Henrique olhou para ela com determinação. A gente acelera tudo, casa na semana que vem e põe tanta segurança nesta casa que nenhuma mosca entra sem a gente saber.

E se ela aparecer no casamento? Melhor ainda. Aí ela é presa na frente do Brasil inteiro. Renata respirou fundo. Tá bem. Eu caso com você. Henrique sorriu e a beijou. vai ser o casamento do século. Do outro lado da cidade, num hotel barato, Verônica desligava o celular depois de ouvir toda a conversa. O chipe que ela tinha colocado no telefone de Henrique estava funcionando perfeitamente. “Casamento na TV?” Ela riu sozinha. “Que ideia maravilhosa! Ela abriu a mala e pegou o dinheiro.

R$ 500.000 eram suficientes para contratar os melhores profissionais. Se querem um casamento inesquecível”, ela sussurrou, “vão ter um casamento inesquecível”. Uma semana antes do casamento, a mansão dos cavalcantes estava virada num búnker. Seguranças patrulhavam o jardim, câmeras em cada canto e até o entregador de pizza precisava mostrar identidade. “Tá parecendo quartel general”, Renata comentou, tomando café na cozinha. É temporário, Henrique disse. Depois do casamento, a Verônica vai ter que aceitar que perdeu. Lucas desceu correndo com o celular na mão.

Pai, a polícia ligou. A mamãe foi vista na cidade ontem. Henrique quase derrubou a xícara. Onde? Num hotel no centro. Mas quando chegaram lá, ela já tinha sumido. Ela tá aqui, Renata, sussurrou na véspera do casamento. O telefone tocou. Era Dr. Santos o advogado. Henrique, a Verônica contratou um escritório famoso. Querem impedir o casamento, alegando que o divórcio não saiu ainda. Eles podem conseguir, podem atrasar, mas vou dar um jeito. Depois que desligou, Henrique segurou a mão de Renata.

Ela não vai conseguir nos parar, pai. Lucas disse mexendo no celular. Posso mostrar uma coisa para vocês? Claro. Lucas apertou play. A voz de Verônica saiu clara. Ricardo, já transferiu o dinheiro? Ótimo. Agora contrata aquelas pessoas que você conhece. Quero que eles apareçam no casamento. Renata gelou. Que pessoas. Lucas passou pra próxima gravação. Não quero que machuquem ninguém fisicamente. Quero algo mais inteligente, algo que destrua a reputação dela para sempre. Meu Deus! Henrique murmurou. Ela tá planejando alguma coisa pro nosso casamento.

Tem mais?” Lucas falou passando para outro arquivo. O plano é simples. No meio da cerimônia, quando todos estiverem assistindo, vamos revelar o passado dela. Vamos mostrar quem ela realmente é. Renata sentiu o estômago afundar. Que passado. Eu não tenho nada para esconder. A gravação continuou. Não importa se é verdade ou mentira, o importante é a humilhação ser pública na frente do Brasil inteiro. A mamãe vai inventar mentiras sobre você, Lucas disse tristemente. Henrique se levantou furioso. Não vou deixar isso acontecer.

Calma, Renata disse. Se a gente souber o que ela tá planejando, pode se preparar. Como Lucas tem todas as gravações. Na hora que ela tentar atacar, a gente rebate com a verdade. Tia Renata, você não tem medo? Tenho, mas também tenho raiva. E a raiva às vezes é mais forte que o medo. Henrique abraçou os dois. Então vamos lutar juntos. Naquela tarde o celular de Renata tocou. Número desconhecido. Alô, Renata. Aqui é Vânia Santos. Não conheço nenhuma Vânia.

Sou sua irmã. Renata quase riu. Eu não tenho irmã. Tenho provas de que você abandonou uma filha. Se não quiser que isso vire escândalo, é melhor a gente conversar. Escuta aqui, Renata disse firmemente. Não sei que mentira a Verônica te pagou para contar, mas comigo não cola. Não sei de que Verônica você tá falando. Claro que sabe. E no dia do meu casamento, quando você aparecer para fazer teatro, vai ter uma surpresa esperando. Renata desligou. Lucas, que tinha ouvido tudo, sorriu.

Você tá ficando brava igual eu fico com a mamãe. Às vezes a gente precisa ser firme com gente má. Amor, posso te contar uma coisa? Eu não sinto mais falta da mamãe. Por quê? Porque agora eu sei como é ter uma mãe de verdade. Renata abraçou o menino, sabendo que já tinha ganhado o que mais importava, uma família. Dois dias antes do casamento, Renata estava no supermercado quando sentiu alguém a seguindo. Olhou pro lado e viu Verônica encostada num carro usando óculos escuros.

Em vez de fugir, Renata foi direto para ela. O que você quer, Verônica? Conversar como duas mulheres civilizadas. Fala logo. Verônica tirou os óculos. estava com olheiras fundas e o cabelo desarrumado. Te ofereço 2 milhões para desaparecer da nossa vida. Já te disse que não quero seu dinheiro, então você vai se arrepender. Verônica se aproximou. Sabe o que eu descobri sobre você? Descobriu o quê? que eu trabalhei a vida inteira, honestamente. Descobri que você teve um caso com o vizinho da casa onde trabalhava antes.

Casado com filhos, Renata Riu. Inventa outra. E que você engravidou dele e abortou. Chega, Verônica, já entendi que você vai inventar qualquer mentira. Mentira? Verônica sorriu maldosamente. Tenho fotos, tenho testemunhas, tenho tudo. Tem nada, porque nada disso aconteceu. Aconteceu sim. E amanhã o Brasil inteiro vai saber. Renata olhou bem nos olhos dela. Verônica, você já perdeu o marido, perdeu o filho, perdeu a casa. O que mais você quer perder? Eu não perdi nada. Você roubou tudo de mim.

Ninguém rouba amor, Verônica. Amor é dado livremente e ninguém nunca te deu amor de verdade porque você não sabe amar. A cara de Verônica ficou vermelha de raiva. Sua arrogante, você acha que é melhor que eu? Não acho que sou melhor. Sei que sou diferente. Eu cuido de quem amo. Você machuca. Amanhã você vai ver quem vai ser machucada. Verônica entrou no carro e saiu em disparada. Renata ficou parada no estacionamento com o coração disparado, mas estranhamente calma.

Quando chegou em casa, contou tudo para Henrique. “Ela vai aparecer no casamento”, ele disse. Vai e vai tentar fazer o maior escândalo possível. A gente cancela? Não. Renata foi categórica. Já fugimos dela por tempo demais. Amanhã a gente enfrenta. E se der errado, não vai dar. Lucas tem as gravações. A verdade tá do nosso lado. Naquela noite, Lucas estava mexendo no computador quando chamou os dois. Pai, tia Renata, venham ver. Na tela havia uma matéria online. Noiva da faxineira tem passado sombrio.

Ela já começou, Henrique murmurou. A matéria falava sobre um suposto caso extraconjugal de Renata e uma gravidez que teria sido interrompida. É tudo mentira, Renata disse calmamente. Eu sei, mas as pessoas vão acreditar. Algumas vão até descobrirem a verdade. Lucas mexeu mais no computador. Pai, achei uma coisa interessante. Essa mulher que disse que é irmã da tia Renata, que foi, ela é a atriz, trabalha em comerciais e recebeu R$ 50.000 na conta dela ontem. Henrique e Renata se olharam.

A Verônica pagou uma atriz para fingir que é minha irmã. Renata concluiu. E provavelmente tem mais gente sendo paga para mentir sobre você, Henrique acrescentou. Então amanhã vai ser uma guerra, Renata disse. Vai, mas a gente vai estar preparado. Lucas, você tem coragem de usar essas gravações amanhã, se precisar? O menino olhou sério. Tenho. A mamãe precisa aprender que mentir é errado. Então tá decidido. Amanhã a gente luta. Na manhã do casamento, a cidade inteira estava agitada.

Jornalistas de todo o Brasil tinham vindo para São Paulo. Milhares de pessoas se aglomeravam nas ruas e até turistas estrangeiros queriam ver o casamento do século. No hotel, Renata acordou com uma sensação estranha. Era como se algo grande fosse acontecer. O telefone tocou. Era Henrique. Amor, você viu as notícias? Ainda não. Por quê? Apareceram mais matérias sobre você. dizendo que você já foi presa. Renata suspirou. Também é mentira. Nunca fui presa na vida. Eu sei, mas o pessoal nas redes sociais tá dividido.

Metade te defendendo, metade acreditando nas mentiras. E agora? Agora a gente se casa. E quem quiser acreditar em mentira, problema deles. Duas horas antes da cerimônia, Lucas ligou paraa Renata. Tia Renata, a mamãe chegou na igreja. Chegou como? Ela tá na porta conversando com jornalistas, tá dizendo que tem provas contra você. Que tipo de provas? Não sei, mas tem muita gente filmando. Renata respirou fundo. Lucas, você tá com o celular? Tô. Então deixa ela falar. Na hora certa você mostra as gravações.

E se der medo, não vai dar. Você é corajoso igual o pai e eu vou estar do seu lado. Tá bom, tia Renata. Te amo. Também te amo. Uma hora antes da cerimônia, Carla, a madrinha, chegou no hotel toda agitada. Renata, você precisa saber. A Verônica tá distribuindo panfletos na porta da igreja. Panfletos com o quê? Fotos suas e textos dizendo que você é golpista. Fotos de quando? de você trabalhando, mas ela inventou legendas falsas. Renata olhou no espelho.

Estava linda no vestido de noiva, mas tinha uma guerra para enfrentar. Carla, me faz um favor? Claro. Liga pro delegado Ferreira, pede para ele ir na igreja, vai precisar dele. Por quê? Porque hoje a Verônica vai se autodestruir e quero que a prisão dela seja bem pública. 30 minutos antes da cerimônia, Henrique ligou uma última vez. Amor, tem certeza que quer fazer isso? A gente pode adiar? Henrique, quantas vezes você sonhou em ser livre? Muitas. Então, hoje é o dia.

A gente vai se casar, vai formar nossa família e a Verônica vai aprender que maldade não compensa. Te amo. Também te amo. Nos vemos no altar. Quando Renata desligou, olhou uma última vez no espelho. Não era mais a faxineira humilhada, era uma mulher forte que tinha encontrado o amor e estava disposta a lutar por ele. Verônica ela disse pro reflexo, você não sabe com quem se meteu. A Igreja do Sagrado Coração estava lotada. 300 convidados, dezenas de câmeras e, do lado de fora milhares de pessoas aguardando o momento histórico.

Henrique esperava no altar, nervoso, mas determinado. Lucas estava ao lado dele, segurando firmemente o celular no bolso. Quando a música começou e as portas se abriram, Renata apareceu radiante. caminhava devagar, sorrindo, ignorando completamente os murmúrios de alguns convidados que tinham visto as matérias falsas. Estava na metade do caminho quando as portas se abriram novamente. Verônica entrou como um furacão. Parem este casamento. Toda a igreja se virou. As câmeras focaram nela imediatamente. Essa mulher é uma farsa! Verônica gritou caminhando pelo corredor.

Ela enganou todos vocês. Verônica, o padre disse calmamente. Se retire, por favor. Não vou sair. Tenho provas do que essa mulher fez. Renata, em vez de se esconder, virou-se para enfrentar a ex-patroa. Então, mostra suas provas. Ela disse alto para todo mundo ouvir. Verônica ficou surpresa. Não esperava ser desafiada. Você teve casos com homens casados, destruiu famílias? Mentira, Renata respondeu calmamente e abandonou uma filha. Foi aí que uma mulher entrou na igreja chorando teatralmente. Renata, porque você nunca quis me conhecer?

Sou sua irmã. Era Vânia, a atriz contratada. Mas antes que ela pudesse continuar, Lucas se levantou. Chega de mentira. O menino gritou, tirando o celular. Lucas, fica quieto. Verônica mandou. Não fico. Você tá mentindo. Lucas ligou o som do celular no microfone do padre e apertou play. A voz de Verônica ecoou pela igreja inteira. Vânia, você vai entrar na igreja chorando e dizer que a irmã dela vai contar que ela abandonou uma filha. Estou te pagando 50.000 para representar bem.

O silêncio foi total. Lucas passou paraa próxima gravação. O importante é humilhar ela na frente do Brasil inteiro. Não importa se é verdade ou mentira. A igreja explodiu em indignação. Convidados se levantaram gritando: “Mentirosa, que crueldade!” Vânia, a atriz, ficou vermelha e saiu correndo. Tem mais, Lucas gritou, passando para outra gravação. Contratei jornalistas para espalhar histórias falsas. Quanto mais absurda a mentira, mais o povo acredita. Verônica olhou ao redor desesperada. Seu plano tinha virado contra ela. Renata se aproximou dela.

Acabou, Verônica, você perdeu. Não, não era para ser assim. Era sim. Maldade sempre se volta contra quem faz. Os policiais que estavam na igreja se aproximaram de Verônica. Senhora, está presa por calúnia e difamação. Enquanto era levada algemada, Verônica gritou uma última vez. Isso não vai ficar assim. Mas ninguém mais estava prestando atenção nela. O padre sorriu paraa congregação. Agora que esclarecemos essa questão, podemos continuar. A igreja inteira aplaudiu de pé. Renata terminou de caminhar até o altar, onde Henrique a esperava com orgulho.

“Você foi incrível”, ele sussurrou. “Nós fomos”, ela corrigiu, olhando para Lucas, que sorria de orelha a orelha. E assim, na frente do Brasil inteiro, começou a cerimônia de casamento mais famosa da história do país. Depois que os policiais levaram Verônica, a igreja ficou em silêncio total. Então, alguém começou a bater palmas e toda a congregação se levantou numa ovação de 3 minutos. O padre esperou o barulho diminuir e sorriu. Agora que resolvemos essa questão, podemos continuar com a cerimônia?

A igreja inteira aplaudiu de novo. Quando Henrique disse: “Sim, aceito”, a voz saiu firme e cheia de convicção. Quando foi a vez de Renata, ela olhou bem nos olhos dele. “Henrique, você me deu uma família?” Sim, eu aceito. O beijo foi longo e emocionante. Lucas correu pro altar e abraçou os dois. Agora somos uma família de verdade, ele gritou. Do lado de fora, milhares de pessoas comemoravam. Fogos de artifício explodiram no céu e o sino da igreja tocou por 10 minutos.

A festa foi no salão mais elegante de São Paulo. Mil convidados, grandes cantores, comida de primeira. Mas o momento mais emocionante foi quando Lucas subiu no palco. Gente, ele começou e o salão ficou quieto. Quero falar sobre minha mãe. Renata olhou surpresa. Todo mundo sabe que a mulher que me teve não soube ser mãe de verdade, mas hoje eu ganhei uma mãe que me ama, que me protege. Ele olhou direto pra Renata. Mãe Renata, obrigado por me ensinar que família é quem fica junto.

Não tinha um olho seco no salão. Quando a festa terminou, já passava das 2as da manhã. No carro, Lucas perguntou: “Pai, onde a Verônica tá agora?” “Na delegacia. Vai ficar presa por um tempo. Eu posso visitá-la um dia?” Henrique e Renata se entreolharam. Se você quiser, quando for mais velho, pode. Renata respondeu. Mas não precisa se sentir obrigado. Eu não sinto raiva dela, só pena. Dan, por quê? Porque ela perdeu a chance de ter uma família incrível.

Em casa, Henrique e Renata se sentaram na varanda. Conseguimos, ele disse. Conseguimos o quê? sobreviver a ela e ainda saímos mais fortes. Renata encostou a cabeça no ombro dele. Sabe o que é mais engraçado? Quando eu era faxineira aqui, sonhava com esse momento e agora o sonho virou realidade. É. e é melhor que qualquer sonho. De 6 meses depois, Renata estava grávida de Sofia e a empresa Cavalcante Holdings havia dobrado de tamanho sob sua presidência. O Brasil inteiro acompanhava a história da fachineira que virou empresária.

Mas Verônica estava longe de ter sua história terminada. Dois anos depois, Verônica saiu da penitenciária feminina de Santana. A mulher que entrou rica e poderosa saiu sem nada. Rais, nenhuma propriedade, nenhum amigo. Senhora Cavalcante, sou Carla, assistente social. Vou ajudá-la na reintegração. Obrigada. Conseguimos uma vaga numa pensão e um emprego numa empresa de limpeza. Verônica quase riu da ironia. Ela que humilhava faxineiras. Agora seria uma. Tudo bem, ela disse simplesmente. A pensão era no centro da cidade, um quartinho pequeno com uma cama, um armário e uma mesinha.

Era tudo que tinha agora. No primeiro dia de trabalho, conheceu Marta, uma mulher de 60 anos que trabalhava na limpeza há 10 anos. Então você é a nova? Sou. Nunca trabalhou com limpeza? Nunca. Posso te ensinar? Não é difícil, mas tem jeito. Durante as semanas seguintes, Marta ensinou tudo. Como usar os produtos, como ser eficiente, como tratar bem os clientes. Você aprende rápido Marta comentou um dia. Parece que já mandou ingente antes. Verônica parou de esfregar o chão.

Por que fala isso? Sei lá. Você tem jeito de quem já teve responsabilidade. Tive e perdi tudo por ser uma pessoa ruim. Marta olhou para ela com curiosidade. Quer contar? Não, ainda não. Três meses depois, Verônica estava limpando um prédio comercial quando viu uma placa. Cavalcante Holdings, responsabilidade social. decidiu subir e dar uma olhada de longe. No elevador encontrou um funcionário. “Você trabalha aqui?”, ele perguntou. “Não sou da limpeza. Então, deve conhecer a dona Renata Cavalcante, mulher incrível.” É nossa.

É sim. Criou um programa que já tirou milhares de mulheres da pobreza. E o melhor, ela mesma já foi faxineira. Verônica ficou quieta. Dizem que a ex-esposa do marido dela era uma bruxa. Humilhava a coitada todo dia. E o que aconteceu com essa ex-esposa? Foi presa e bem feito. Quando chegou no andar, Verônica viu através da porta de vidro. Renata estava numa reunião, sorrindo, gesticulando, claramente respeitada por todos. Era a mesma mulher que ela obrigava a limpar com as próprias mãos.

desceu rapidamente com o coração apertado. Naquela noite escreveu uma carta que nunca enviou. Renata, soube que você teve um bebê. Parabéns. Não estou pedindo para ver vocês. Só quero que saiba que aprendi muito e que torço pela felicidade de vocês. Guardou a carta na gaveta. Ainda não estava pronta. Um ano depois do casamento, Renata estava no escritório da presidência quando a secretária trouxe os relatórios mensais. Senhora Cavalcante, os números deste mês. Em 12 meses, como presidente, Renata tinha dobrado o faturamento da empresa e triplicado o número de funcionários.

Mais importante, tinha criado um programa que já empregou 2000 mulheres em situação vulnerável. Como estão as escolas de capacitação? Cinco unidades funcionando. Lista de espera de 1 mulheres. O telefone tocou. Era uma emissora de TV. Senhora Renata, gostaríamos de fazer uma matéria sobre seu trabalho social. Claro, mas com uma condição. Quero que mostrem as mulheres que foram beneficiadas, não só eu. Duas horas depois, a equipe de TV estava no escritório. A repórter era a mesma que havia coberto o casamento.

Renata, como se sente sendo considerada a empresária social do ano? Me sinto realizada. Usar minha experiência para ajudar outras pessoas é o que dá sentido à minha vida. Sua empresa já empregou mais de 2000 mulheres. Qual o próximo passo? Queremos chegar a 5. 000 até o final do ano e abrir 10 escolas de capacitação. E sua família? Como está o Lucas? O Lucas está ótimo. Agora tem uma irmãzinha, a Sofia. Ele é o irmão mais carinhoso do mundo.

Quando a equipe foi embora, Henrique chegou com Lucas e Sofia de seis meses. Como foi a entrevista? Henrique perguntou: “Boa, falei sobre o programa das mulheres. ” Mãe, Lucas disse, “na escola hoje me perguntaram se eu sinto falta da Verônica. E o que você respondeu? Que sinto falta da mãe que eu queria que ela fosse. Mas não da mãe que ela realmente era. Renata abraçou o menino. Isso foi muito sábio. Mãe, você acha que ela tá bem?

Espero que sim e espero que esteja aprendendo coisas importantes, tipo o quê? Que trabalho honesto não humilha ninguém, que todas as pessoas merecem respeito. Naquela noite, Henrique e Renata estavam jantando quando ela fez um anúncio. Henrique, decidi uma coisa. O que foi? Vou abrir uma empresa só de reinserção social para mulheres que saíram da prisão. Cério? Sério? Todo mundo merece uma segunda chance. E se a Verônica aparecer procurando trabalho? Renata pensou por um momento. Aí a gente vai ver se ela mudou de verdade.

Você daria uma chance para ela? Daria, não para voltar a fazer parte da nossa vida, mas para ter a oportunidade de recomeçar. Você é incrível. Não, só entendi que guardar rancor só machuca a gente mesmo. Alguns meses depois, a nova empresa de Renata estava funcionando. Recomeço litada, especializada em empregar mulheres exdetentas. E sem saber, Verônica estava prestes a descobrir essa oportunidade. Seis meses depois de sair da prisão, Verônica tinha se acostumado com a rotina de fachineira. Acordava às 5, trabalhava 8 horas, voltava para pensão.

Era uma vida simples, mas tinha encontrado uma paz estranha. Um dia, Marta chegou no trabalho animada. Verônica recebiu uma proposta incrível. Que proposta? Numa empresa nova que só emprega mulheres que passaram por dificuldades. Chama Recomeço. Verônica quase derrubou o balde. De quem é essa empresa? de uma empresária famosa, Renata Cavalcante. Já ouviu falar? O coração de Verônica disparou. Já. Eles oferecem vaga paraa supervisora de limpeza. Pagam o dobro do que ganhamos aqui. Marta, aceita a proposta. Só se você vier comigo.

Falei que trabalhamos em dupla. Eu não posso. Por que não? É complicado, Verônica. Você é trabalhadora, respeitosa, merece coisa melhor. Naquela noite, Verônica ficou acordada pensando. Renata estava oferecendo trabalho para mulheres como ela. Era como se estivesse estendendo a mão para quem precisava. No dia seguinte, Marta insistiu tanto que Verônica concordou em ir na entrevista. A empresa ficava num prédio bonito, mas simples. A recepcionista era atenciosa. Vocês são da entrevista das 2 horas? Somos. A Amanda vai receber vocês.

Amanda era uma mulher de 40 anos simpática. Vocês estão interessadas nas vagas de supervisão? Sim. Marta respondeu. Trabalhamos juntas há seis meses. Verônica, você tem experiência em administração? Tenho. Já administrei uma casa grande. Não era mentira, só não era toda a verdade. E qual sua situação atual? Estou recomeçando depois de alguns problemas pessoais. Perfeito. É exatamente o perfil que procuramos. A entrevista correu bem. No final, vocês estão contratadas. Começam segunda-feira. Do lado de fora, Marta estava eufórica.

Conseguimos um emprego digno. Verônica sorriu, mas por dentro estava em conflito. Ia trabalhar na empresa da mulher que tinha humilhado por anos. E o pior, Renata nem sabia disso. Na primeira semana, Verônica trabalhou sem nunca cruzar com a patroa. Era uma empresa grande e ela ficava na área operacional, mas sabia que uma hora ia acontecer e quando acontecesse não sabia como ia reagir. Três meses depois, Verônica estava supervisionando a limpeza do andar executivo quando viu Renata saindo do elevador.

estava mais bonita que nunca, com Sofia no colo e Lucas ao lado. “Mãe, posso ir na sala de jogos?”, Lucas perguntou. “Pode, mas não demora.” Foi aí que Lucas viu Verônica parou no meio do corredor, surpreso. “Verônica, Renata se virou e viu a ex-so ali de uniforme de supervisora. O silêncio durou alguns segundos eternos.” “Oi, Lucas!”, Verônica disse baixinho. O que você tá fazendo aqui? Trabalhando. Renata se aproximou ainda em choque. Verônica, você trabalha aqui? Trabalho há três meses.

E eu não sabia? Pedi paraa Amanda não contar. Não queria causar problemas. Renata olhou pro uniforme e entendeu a situação. Você é faxineira agora? Supervisora, mas comecei como faxineira mesmo. Lucas olhava de uma para outra. Mãe ele disse para Renata, ela pode ver a Sofia? Renata hesitou. Lucas, por favor, ela é vó da Sofia. Verônica sentiu os olhos marejarem. Lucas, você não me odeia? Não. Fiquei triste por um tempo, mas agora não. Por quê? Porque minha mãe me ensinou que guardar raiva faz mal.

Renata olhou para Verônica e viu algo novo. Humildade real. Quer conversar na minha sala? Não quero atrapalhar. Não vai atrapalhar. Na sala da presidência, Verônica olhou ao redor, tudo moderno, mas sem ostentação. Por que não me contou que trabalhava aqui? Porque precisava do emprego e porque queria ver se conseguia ser melhor. E conseguiu? Acho que sim. Aprendi que trabalho honesto não humilha, que as pessoas que eu desprezava são melhores que eu. A Marta falou bem de você, disse que você ensinou ela a se organizar.

Ela falou de mim, falou, disse que você é trabalhadora e trata todo mundo bem. Aprendi isso vendo vocês, vendo como o Lucas é feliz contigo. Lucas, que tinha ficado quieto, se aproximou. Verônica, quer pegar a Sofia? Verônica olhou para Renata pedindo permissão. Pode. Verônica pegou a bebê com cuidado. Sofia sorriu e ela começou a chorar. Ela é linda. É a cara do Lucas bebê. Renata, eu quero te pedir perdão. Sei que não mereço, mas preciso falar. Verônica, me deixa terminar.

Eu fui cruel contigo. Te humilhei, te maltratei. Fiz isso por inveja, por maldade. Devolveu a bebê para Renata. Mas você me deu a maior lição da minha vida. Me mostrou que bondade vence maldade. Eu te perdoo, Renata disse. Como assim? Eu te perdoo. Já perdoei há muito tempo. Por quê? Porque você mudou de verdade. Mas antes que pudessem falar mais, a secretária bateu na porta. Senora Renata, tenho uma reunião importante em 5 minutos. O momento estava terminando e Verônica sabia que ainda tinha muito o que provar.

Seis meses depois daquele encontro, Verônica continuava trabalhando na empresa de Renata. Tinha se tornado uma das melhores supervisoras, respeitada pelos colegas e elogiada pela administração. Um dia, Renata a chamou na sala. Verônica, tenho uma proposta. Que proposta? Quero que você coordene um novo projeto, uma escola de capacitação para mulheres exdentas. Verônica ficou em choque. Eu? Mas por quê? Porque você entende o que essas mulheres passam? Você pode ajudá-las como ninguém. Renata, você tem certeza? Eu fui. Você foi uma pessoa que errou, mas agora é uma pessoa que aprendeu.

E se eu decepcionar? Não vai decepcionar. Eu confio em você. Era a primeira vez em anos que alguém dizia confiar em Verônica. Aceito ela disse com lágrimas nos olhos. Três meses depois, a escola estava funcionando. Verônica trabalhava 16 horas por dia, ajudando mulheres que, como ela, tinham perdido tudo e estavam recomeçando. Dona Verônica disse Carla, uma ex-denta de 25 anos. A senhora salvou minha vida. Como assim? Me deu uma chance quando ninguém mais dava. Me ensinou que dá para recomeçar.

Eu também estou recomeçando, Carla. A gente aprende juntas. Numa tarde de dezembro, Renata, Henrique e as crianças visitaram a escola. Lucas, agora com 11 anos, estava impressionado. Verônica, você que montou tudo isso? Montei com a ajuda da sua mãe. Tá muito legal. Sofia, agora com dois anos, correu pros braços de Verônica. Vovó, era a primeira vez que a chamava assim, viu? Lucas disse, ela já te considera da família. Naquela noite, Verônica estava fechando a escola. Quando Renata apareceu, como você se sente?

Bem útil. Pela primeira vez na vida, me sinto útil. Sabe qual é a diferença entre você de hoje e você de antes? Qual? Antes você pisava nas pessoas para se sentir grande. Agora você levanta as pessoas e elas te fazem grande. Verônica sorriu. É uma sensação boa. É a sensação de estar no lugar certo. Renata, posso te fazer uma pergunta? Claro. Por que você me deu essa chance depois de tudo que eu fiz? Porque eu acredito que todo mundo pode mudar.

E por que Renata fez uma pausa, porque você é a avó das minhas crianças e eles merecem ter uma avó que seja motivo de orgulho. Obrigada por tudo. Obrigada a você por me ensinar que perdoar não é esquecer, é dar a chance de recomeçar. Quando Renata foi embora, Verônica ficou sozinha na escola, olhando as fotos das formandas na parede. Mulheres que tinham errado, pagado o preço e agora estavam reconstruindo suas vidas. Como ela pegou o celular e ligou para Lucas.

Oi, vovó. Oi, amor. Queria te agradecer. Agradecer o quê? Por ter me dado uma segunda chance. por terme ensinado que família se constrói com amor, não com sangue. Vovó, você sempre foi da família, só precisava aprender a ser. Quando desligou, Verônica olhou pela janela da escola. Do lado de fora, uma mulher esperava na porta. Mais uma ex-denta procurando uma oportunidade. Ela abriu a porta. Posso ajudar? Vim procurar trabalho. Disseram que aqui vocês dão chance para quem errou.